Coração acelerado, nervosismo, tensão, arma na mão, dedo no gatilho e pá! Um tiro surdo num salão acinzentado, abafado pelos protetores de ouvido, mas que ainda retumba no peito. Nas mãos, um revolver , calibre 357 magnum, prateado, potente, brilhava e exigia respeito. Um tambor remetia à imagem das armas clássicas vistas pela televisão. Primeiro tiro da vida. No alvo silhueta, um rombo na altura da orelha de pelo menos 5 cm. Sorriso de canto de boca, mãos tremulas: “Acertei!!!!”.
Essa é a descrição da experiência, em uma sessão de tiroterapia, no Clube de Tiro Ponto 40. Uma pequena porta “esconde” um mundo restrito àqueles que amam armas ou que desconstruíram a imagem de violência do equipamento em busca de alívio para o estresse. É descendo bala em alvos móveis e fixos, que mais de 100 associados descarregam a tensão e frustração, ou praticam o tiro como esporte.
Cada disparo uma piscada forte. Um dia deve acostumar. Quente e frio, não é brincadeira de criança no local, e não acatar os comandos ,acarreta falta grave. Quando não há ninguém na pista (área de alvos), vozes ecoam: “pista quente”, e começam os disparos. Se alguém vai trocar o alvo ou realizar alguma outra tarefa que exija entrar na linha de tiro, todos gritam: “pista fria”. Todos respeitam, nenhum titubeia.
A segurança do local é reforçada. Lembra os portões das penitenciárias. Grossos, eletrônicos, com ar de segurança reforçada. E não seria para menos. É no clube que também, muitos armas estão a disposição dos atiradores.
Não é todo mundo que pode se associar. A indicação é o primeiro passo. Após o preenchimento de um questionário por e-mail,terá que enviar alguns documentos, e o interessado tem sua vida passada a limpo. A “ficha” tem que estar em dia. A visita ao clube é a próxima etapa. Aceito, o associado paga uma anuidade. As armas são alugadas. Tem de tudo, pistolas, revolveres, carabinas, espingardas, e assim vai.
Apesar da anuidade “justa”, a maioria dos frequentadores tem alto poder aquisitivo. São médicos, políticos, juízes, empresários, policiais e militares do alto escalão. Ao menos 20% são mulheres, que buscam armas como forma de defesa e nem tanto como terapia.
Preconceito
A maior dificuldade narrada pelos frequentadores é o preconceito. A desconstrução da figura da arma, que para boa parte da população, remete automaticamente à violência, é um desafio.
Num País em que não existe a cultura armamentista, o assunto é um tabu. Mas não é para menos. O Mapa da Violência feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais aponta que ao menos 45 mil pessoas morreram por arma de fogo em 2014 no Brasil.
Mas o perfil das vítimas (homens, jovens e negros) está longe de ser o dos frequentadores de clubes de tiros. É outra questão, mas o aumento contínuo do número de mortes pode explicar o motivo deste preconceito.
As pessoas que passam por aqui, são a favor do direito de qualquer cidadão sem antecedentes poder ter uma arma. Mas há quem deixe de lado a vontade de ter uma, mesmo sendo apaixonado pelo esporte.
Muitas pessoas procuram a tiroterapia ,após um acontecimento ou desilusão. Tiram seus dedos dos copos de bebida e os colocam em armas. E é dando tiros que muitos descontam sua tensão diária.
Assim como ajuda a relaxar, a tiroterapia também une casais. Há aficionados por armas , que vem junto a namorada ou esposa, e passam horas se divertindo e acaba se tornando um hobby.
Nesse meio, as pessoas observam que não é o objeto arma , e sim a conduta e o perfil da pessoa, que leva a violência. Se a pessoa quiser cometer um crime e ela não tiver uma arma ela vai arrumar qualquer outra coisa. É melhor focar em educação do que só cercear a liberdade.
Quanto a eficiência da tiroterapia, acreditamos que é melhor ir mais de uma vez ao estande de tiro, para ver se a tensão fica por lá. Ver uma arma é diferente de pegá-la e apertar seu gatilho, e a adrenalina , muitas vezes é prazerosa e acalma .
Venha nos conhecer , e tenha essa experiência única.
Gostaria de saber valores em relação a tiroterapia , tiros avulsos e para se associar